Ensaios, entrevistas, reportagens, reflexões, de hoje, e do passado presente, sobre cultura, música, artes, ideias, sociedade e política. Porque isto anda tudo ligado.

Empatia é fixe. Mas a luta é política
A tolerância, o cuidado ou a empatia são conceções que devem ser incutidas. Dito isto, tenho um problema com a omnipresença, nos últimos anos, no espaço público, da designação “empatia” quando ela parece corresponder a algo assistencialista que se substituiria à luta politica.

Rislene: de onde vem esta voz?
Ouve-se a sua voz alguns segundos e percebe-se de imediato estarmos em presença de algo especial. Não é apenas a voz. Nunca é. É de como aquela voz jovem transporta memórias, quotidianos difíceis do presente e aspirações de outros futuros.

A zanga dos que não foram convidados para a mesa
Dir-se-ia que, na base da pirâmide social, temos os defraudados do sistema, e no topo os que o abraçaram por excesso, sendo que os segundos instrumentalizam a zanga dos primeiros.

Fidju Kitxora: O melhor que aconteceu por aqui
Vi-os três vezes ao vivo. E foi sempre diferente e extraordinário. Em Guimarães foi puro transe.

Underworld, Jeff Mills e Richie Hawtin: dos anos 90 à atualidade
Nos anos 90, no festival Sónar de Barcelona, os nomes de Jeff Mills e Richie Hawtin (em nome próprio ou como Plastikman) faziam invariavelmente parte do último dia do alinhamento do festival. Este fim-de-semana, agora em Lisboa, na companhia dos Underworld, são o destaque do evento. Os três nomes conseguiram manter uma atividade estimulante e diversa ao longo dos anos.

Emergência Habitacional
Este sábado, Espanha vai sair à rua exigindo a baixa dos preços de arrendamento e compra da habitação, e medidas para recuperar casas vazias ou turísticas. Quem tem acompanhado nos últimos vinte anos a questão em Espanha sabe que ali estão muito à frente, em relação a Portugal, no que toca a tentar enfrentar o problema, mesmo se em Portugal ele é mais grave.

O charme de Destroyer continua intacto
Já não constitui surpresa que o canadiano Dan Bejar, mais conhecido pelo pseudónimo Destroyer, é um dos mais brilhantes cantores-compositores contemporâneos, capaz de nos devolver canções pop de complexidade interior com alcance universal. No novo álbum, “Dan’s Boogie”, o seu 14º, isso volta a suceder com naturalidade

Baile Funk em Portugal: entre o prazer e o incómodo
O Luís Osório, um dos comunicadores mais influentes do espaço mediático luso, na rubrica “postal do dia”, num pequeno texto sobre o género musical brasileiro “baile funk”, alude a temas dançados por adolescentes, numa escola, com letras sobre sexo, drogas e violência, que qualifica como sendo “rascas”. O título do texto é: “O funk brasileiro rebenta-nos de pobreza.” O seu exercício é problemático – partir de uma experiência subjetiva, para retratar todo um fenómeno social total, mais até do que um simples género musical, como é o funk brasileiro. Rasura a complexidade do fenómeno, simplificando-o..

‘Adolescência’, ‘On Falling’ e a banalidade do mal
Quis o destino, e eu, que tivesse visto a série de TV “Adolescentes”, e o filme “On Falling”, realizado por Laura Carreira, quase de seguida. Sobre os méritos artísticos de ambos já muito foi escrito e corroboro-os. O lado formal, ambientes e personagens da série, e o realismo social, minucioso e entorpecedor do filme, a fazer lembrar Ken Loach, valem a pena. Já as leituras sociais de alguma surpresa, principalmente no caso da série, dão que pensar.

A Europa em modo Kit de Sobrevivência
Desde que Trump chegou, pela segunda vez, à presidência dos Estados Unidos, que a Europa, ou melhor, a União Europeia, entrou em estado de choque, em delírio, infantilizando-se. Nesta quarta-feira assistiu-se a mais um momento dessa escalada, com as autoridades europeias a recomendarem os cidadãos a terem um Kit de sobrevivência em casa (medicamentos, água e comida) para resistirem 72 horas, perante um evento extremo, como a guerra.

O artista de olhos bem abertos: JR
O seu trabalho tem algo de grandioso, numa linguagem simples, por norma apostando na descontextualização, o que faz dele um caso de grande sucesso, operando a pensar no mercado global. Curiosamente nunca havia exposto a solo em Portugal. A primeira exposição de JR estará na galeria Underdogs, em Lisboa, de 28 de Março a 19 de Abril. Chama-se “JR: Through My Window” e apresenta-nos o trabalho do fotógrafo, artista e ativista francês sob um olhar retrospetivo,.

Parar, escutar, respirar: Vijay Iyer & Wadada Leo Smith
Inquietação por todo o lado. Existências que se decidem num apressar constante. Como desacelerar, escutar, respirar e não perder a lucidez, a consciência do que acontece no mundo, num ato de mera alienação? Em parte, foi essa a pergunta que guiou a gravação do álbum “Defiant Life”, por dois músicos consagrados do jazz mais inclassificável, como são o pianista e compositor Vijay Iyver e o trompetista e compositor Wadada Leo Smith.

O jardim da Primavera de David Hockney
“Lembrem-se que não se pode cancelar a Primavera”. Pelo calendário, esta quinta, começa a Primavera. Há cinco anos, em plena pandemia, o inglês David Hockney, um dos artistas vivos mais celebrados, enviou uma mensagem simples ao mundo, através da frase acima transcrita, que acabou por ter grande ressonância, lembrando que os tempos sombrios, tal como o Inverno, não duram sempre. Cinco anos volvidos prepara-se para inaugurar uma retrospetiva na Fundação Louis Vuitton (de 9 de Abril até 1 de Setembro), em Paris, adotando a frase como lema. Com 87 anos, já foi alvo de muitas retrospetivas. Em 2007 assisti a duas: na Tate Britain de Londres e no Pompidou de Paris.

Francisco Vidal e a urgência da arte como ato coletivo
Está sempre a criar. É esse tipo de artista. Dir-se-ia precisar disso com voracidade. Não espanta que tenha duas exposições a decorrer neste momento. A 27 de Fevereiro (até 4 de Maio), estreou no Palácio Anjos, em Algés, E quinze dias depois, na última sexta, inaugurou “Escola Utópica de Lisboa“, Pavilhão Branco, com curadoria de Miguel von Hafe Pérez.

Paul Mason: “Estamos a viver um tempo de pesadelos e não nos devemos esquecer que é nas crises que o fascismo mais opera”
Em 2022 o inglês Paul Mason lançou a obra “Como Travar o Fascismo” onde projetava, a partir dos sintomas já existentes, o que se passa hoje um pouco por todo o mundo, com a liberdade ameaçada por totalitarismos. “É nas crises e nas guerras que o fascismo mais opera e se dissemina”, dizia.

Marie Davidson e o capitalismo de vigilância na pista de dança
Para quem gosta de eletrónica dançante guiada por voz feminina e preocupações sociopolíticas, o novo álbum da canadiana Marie Davidson é uma viagem que vale a pena fazer.

O transe de Rui Moreira
Uma antológica de Rui Moreira no MAAT em Lisboa. Desenho e pintura onde não existe um “antes” e um “depois”, mas um fluxo contínuo onde tudo está em constante mutação, num ato relacional, que resiste a ser concluído.

A paixão por Joana e pela música de ALEX FX
Era projeto antigo do músico e produtor português Alex FX. Criar uma banda-sonora para um dos mais belos filmes mudos de sempre, realizado por Carl Dreyer em 1929. Sai agora, “The Passion of Joan of Arc - music by Alex FX”.

Barreiro - Uma ilha à espera de ser redescoberta
O que é que o Barreiro tem? Um ambiente experimental urbano, festivais, música, uma zona industrial com inúmeras possibilidades de reconversão e uma identidade assentes no associativismo. O que é que o Barreiro não tem? Talvez a capacidade para estimular o potencial que tem entre mãos.

RIGO23 e ZAPATISTAS numa instalação psicadélica
Uma exposição, na ZDB Marvila, em Lisboa, que interroga o legado revolucionário do movimento zapatista mexicano, numa lógica imersiva desenhada por Ringo23 e diversos cúmplices.